quarta-feira, 25 de março de 2009

Vento Oceânico

Vento oceânico de sopro doce
Soa calma a veludosa hipnose
Cheiro cálido de tua pele bronze
rebatendo a luz escondida em brumas

Quando for, não desertifique o chão
Nem escureça um ar já tão sombrio
Deixe-me um gosto de teu sol latino
Incrustado ao céu de meus lábios tímidos

quarta-feira, 18 de março de 2009

P de pai
F de filho
P de Paulo
F de Francisco
M de mãe, marias, mares e ilhas

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

“sobre o reluz da pele bronze
derrama-se a estampada veste longa”.
O encantamento é ainda possível,
após dez novembros,
o novo no velho,
você nos meus sonhos.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

roda quadrilha de junho

...não desacompanha a memória daquela manhã fria sem sol, quando uma brisa cortante agrediu o rosto seco da lágrima que à noite caíra, recordando que o tempo não havia parado e que havia de existir um amanhã, talvez, com gosto amargo ao saber do que não mais ocorrerá, um som de uma viola nostálgica e de um contrabaixo denso, que pesava nas costas, acompanhado de uma voz fina, lisa e veludosa que tingia ainda mais o céu nublado de cinza em meio ao sitio, estado de sitio das memórias de onde viera, de uma pequena família de apenas um que deixara em outro lugar e que doloria não estar lá, naquele rancho reminiscente, em cujo chão de torrar café, do lado da tulha, ainda jazia um resto de lenha a defumar o ambiente, dizendo que a fogueira que apagara guardava, à noite, um anunciado sentimento de ambígua tristeza da festa que era e não seria mais ao amanhecer, quando a sensação do beijo nos lábios iria se desfazer vagarosamente, a imagem dos seus olhos colados se afastaria, emoldurando na fotografia o que fora vivo, uma sensação de ser presente que desejava-se não escapar, relutando contemplativamente contra o continuar do tempo, promessa certa da infelicidade de não reter um espinho fincado que, ao ser removido, arrastara consigo uma catarata de sangue, até que a distância transporte as reminiscências desta cinza manhã, da qual não desacompanha a memória, quando a secura da lágrima que à noite escorrera no rosto fora agredida por uma brisa cortante, redizendo que o ponteiro dos segundos não havia parado e que havia de existir um depois, talvez, com gosto amargo ao saber do que não mais ocorrerá, um som de uma viola melancólica e de um contrabaixo contido, que contorcia os ossos do peito, acompanhado de uma voz lisa, lírica e veludosa, tingindo o céu nublado de ainda mais cinza sobre o estado de sitio da alma recordante de onde viera, de uma família de apenas um que deixara n`algum lugar e que doloria não estar lá, naquela casa reminiscente de paredes brancas e portas azuis, miradas ao chão de torrar café do quintal, do lado da tulha, do qual subia uma fumaça proveniente do fogo que apagara sobre um resto de lenha a defumar o ambiente, revelando que a noite guardava um sentimento ambíguo anunciado de tristeza pelo que queimava que e não queimaria ao amanhecer, quando a sensação do beijo nos lábios iria se desfazer vagarosamente, o movimento deslizante dos dedos sobre a pele lisa e bronzeada da face, tornando-se estanque, daria lugar a imagem dos olhos puxados se descolando, afastando, na moldura de uma fotografia, o que fora vivo há algumas horas, a sensação plena de ser presente que desejava-se não escapar, através da relutante contemplação do continuar do tempo, promessa certa da infelicidade de não reter um espinho inflamado, pulsando por ser expelido, levando consigo um rio torrente de sangue carregado de reminiscências daquela manhã fria sem sol, da qual não desacompanha a memória, quando uma brisa cortante agrediu o rosto seco da lágrima que à noite caíra, recordando que o tempo não havia parado e que havia de existir o doloroso futuro, a agonia do amanhã ali e agora...

sábado, 6 de setembro de 2008

Lágrima

A Lágrima que escorre dos teus olhos
molha a superfície seca, enferrujada de um trem velho.

E irriga um ramo verde de esperança
que brotou no vão das pedras, sob o aço do caminho.

Calando-se o entorno a ouvir teu pranto
irrompente à paisagem decadente e corrosiva.

Porosa lasca encontra a água e o sal.
Ouvi o mar quebrar na areia
longe dali...

...de Amigo


Crio sonho em bolhas de fantasias
que evitam o escorrego no ilusório
canyon fictício de lisa areia
do triste saber pleno do que é vero

Cheio dos furacões e ventanias
de vácuos e silêncios dessa guerra
batalho eu mesmo comigo mesmo
a pensar no inusitado a espera

Atônito, suspendo a terça-feira
duvido do seu presente concreto
Questiono: será poesia demais?
Mas sei, não fantasio em excesso

Esqueço dos teus nobres sobrenomes,
embora os rastreie noite adentro
Atenho-me aos resquícios do sensível
segura nitidez da qual fiz centro

Uma imagem de teus quarenta e poucos
confusa em meio a um ar de adolescente
presente no instante em que um perfume
solapa um sentimento repousante

Nas terças a insistente ironia
de ser você quem é e eu quem sou
Penetra a sedutora agulha fina
desse seu róseo perfume, Cecília.

Palavra


O que desvela revela
Desvela um símbolo
Que em si vela
O que antes era
Já em si vero
Revela um signo
Que depois vela